Algumas reflexões acerca dos últimos meses, anotados nas páginas da vida de alguém muito próximo.
Você nasce, cresce, tem um trabalho, talvez filhos, talvez netos... e aí volta o ciclo, com novos personagens, novas propostas, novos caminhos.
Você perde um emprego ou até uma empresa. Arruma outro emprego, ou não. Vai doer, vai embaralhar seus pensamentos. Mas com fé, e correndo atrás, irá superar o obstáculo.
Você perde um ente querido, esse não tem como colocar outro no lugar. Saudade aperta, dói.
Dói.
De verdade.
Mas, com fé, você vai se apegando às lembranças boas. E vai convivendo com isso com esperança no coração.
Você planeja montar uma pequena lanchonete, planeja, planeja mais, tenta mitigar os erros, planeja novamente e... Sai tudo diferente, com imprevistos impensáveis, porque a vida, meu amigo, a vida não é controlada só por mãos humanas.
Lembra do popular “Deus no controle”? Então. Deixa eu te explicar uma coisa:
As vezes estamos tão imponentes, em nossos pedestais, que esquecemos que tudo retorna ao zero. Algumas vezes retorna quando fecharmos os olhos pela última vez, porque quem tem fé acredita que há um novo caminho a prosseguir. Algumas outras vezes caímos do pedestal e voltamos ao zero em vida para que corrijamos nossos caminhos antes de fecharmos os olhos pela última vez.
Como eu dizia, no início do texto: a gente nasce, cresce, tem um trabalho, talvez filhos, talvez netos e “volta o ciclo”.
Compreendeu?
Volta o ciclo, não importam nossas ambições;
Volta o ciclo, não importam nossas conquistas;
Nem nossas perdas.
Volta o ciclo.
Tudo que tivemos passa.
A casa;
O carro;
Aquela blusa cara que você ficou paquerando na loja até o dia que comprou. E depois se achou uma pipa quando vestiu ela pela primeira vez, um ano depois, para ir no aniversário da sobrinha.
Aliás, na verdade, QUASE tudo passa.
Sabe as boas lembranças daquele ente querido que falei? Elas não vão passar.
Então...
Vamos falar sobre a essência da vida.
A vida não é de riquezas, de pedras e tijolos.
Nem de cifras.
A vida é de fé.
A vida é de caridade.
A vida, meu amigo, é do quanto conseguimos segurar e massagear o coração de alguém com a mão do amor.
Se pararmos para pensar não precisamos de holofotes, não precisamos de uma torcida lotada em um estádio gritando nosso nome.
Se pararmos para pensar não precisamos do carro do ano, ou uma casa de um milhão de Reais.
Precisamos marcar o coração de alguém para que, depois de cumprida nossa missão, este se lembre de nós com carinho, mesmo que seja o único a se recordar o quê de especial proporcionamos à ele.
Seja nosso parente, amigo ou até um desconhecido que veio, pelo “acaso jamais casual do destino”, nos procurar.
“Ah, mas não posso ajudar ninguém porque não tenho dinheiro...”
Não importa. Não foi isso que eu disse.
Não encontraremos na Bíblia Sagrada uma frase sequer dizendo que Jesus ajudou o próximo fazendo ele ganhar na loteria da época. Entenda que nós precisamos descer do nosso pedestal e descobrir qual é o nosso caminho, a nossa essência. E o que poderemos fazer com isso em prol de transformar positivamente a vida de alguém.
Para isso é preciso ter fé, entender que uma luta que tenha perdido não significou a guerra, que enquanto os pulmões se encherem de ar e o sangue correr nas veias, você pode colocar novamente um tijolo sobre o outro e construir novas paredes, casas, estradas, caminhos, pilares... Que Deus as vezes te sacode para que você retorne para Ele, para o caminho que Ele quer para você.
E é preciso ter amor, caridade, porque, sim, a vida é maravilhosa, mas, nesse desafio de “conquista pessoal”, o que fazemos pelos outros? Com o que podemos contribuir? Ou melhor, qual a ferramenta ou o dom que Deus nos deu para que possamos contribuir? No caso de um fotógrafo, uma câmera? O dom de saber manusear ela?
Amigo, o dom que Deus nos deu foi a vida. Com essa preciosa ferramenta somos capazes de realizar qualquer coisa, somos capazes de ajudar quem quiser. Basta ter fé, foco, dedicação. E AMOR.
Tudo depende da situação. Tudo dependerá do empenho que tivermos em ajudar. Seja uma contribuição mínima, uma pequena bola de neve que se transformará numa avalanche na vida do próximo.
Em algumas situações basta apenas ouvir. Em outras sorrir. Ou chorar. Ou trabalhar muito. Como eu disse, depende da situação, mas a única coisa que não pode faltar é amor e presença.
Ah, e você não precisa ser um doce. Seja você mesmo. Rosas tem espinhos. Mas a beleza e aroma delas são implacáveis.
E depois, quando “voltar o ciclo”, não voltará tudo para a caixinha feito um Banco Imobiliário.
Ficam as lembranças, os sorrisos, a força que deu para aquele amigo no momento que mais precisou. A chama que apagou naquele coração incendiado, ou a chama que acendeu no outro coração que estava frio, na escuridão.
Parece complicado entender o que fazer, mas entregar cada minuto da sua vida nas mãos de Deus para que Ele te guie na melhor estrada, mesmo que não seja o caminho que você planejou, te confortará muito.
“Deus no controle!”
E aí, tudo fará sentido.
Essa é a essência de alguém que eu conheço, muito próximo, eu refleti sobre isso vendo as páginas mais recentes da vida dele. Espero que ainda tenham muitas outras a serem escritas.
E então... Qual o seu caminho?
Modelo: Pâmella Borges